sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Literatura - Realismo

Contexto Histórico:

“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.” Eça de Queirós.
O Realismo surgiu para acabar com a fantasia literária e o subjetivismo do Romantismo, visava mostrar os acontecimentos do dia dia da sociedade, uma forma de aproximar o povo da Literatura, pois havia uma identificação do indivíduo com o enredo realista.A poesia do final da década de 1860 já anunciava o fim do Romantismo; Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto faziam uma poesia romântica na forma e na expressão, mas os temas estavam voltados para uma realidade político-social.
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. De fato, esse foi um ano fértil para a literatura brasileira, com a publicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso de nossas letras: Aluísio Azevedo publica O mulato, o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis publica Memórias póstumas de Brás Cubas, o primeiro romance realista de nossa literatura.
O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da Segunda metade do século XIX. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo o avanço científico leva a novas descobertas nos campos da Física e da Química. O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais; por outro lado, a massa operária urbana avoluma-se, formando uma população marginalizada que não partilha dos benefícios gerados pelo progresso industrial mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subumanas de trabalho.

Esta nova sociedade serve de pano de fundo para uma nova interpretação da realidade, gerando teorias de variadas posturas ideológicas. Numa sequência cronológica temos o Positivismo de Auguste Comte, preocupado com o real-sensível, o fato, defendendo o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação da “ordem e progresso” (a expressão, utilizada na bandeira republicana do Brasil, é de inspiração contiana); o Socialismo Científico de Karl Marx e Friedrich Engels, a partir da publicação do Manifesto do Partido Comunista, em 1848, definindo o materialismo histórico (“o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, político e intelectual em geral” – K. Marx) e a luta de classes; o Evolucionismo de Charles Darwin, a partir da publicação, em 1859, de A origem das espécies, livro em que ele expõe seus estudos sobre a evolução das espécies pelo processo de seleção natural, negando portanto a origem divina defendida pelo Cristianismo.

Características:

As características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo, dessa forma, a postura do Positivismo, do Socialismo e do Evolucionismo, com todas as suas variantes. Assim é que o objetivismo aparece como negação do subjetivismo romântico e nos mostra o homem voltado para aquilo que está diante e fora dele, o não-eu; o personalismo cede terreno para o universalismo. O materialismo leva à negação do sentimentalismo e da metafísica.

O nacionalismo e a volta ao passado histórico são deixados de lado; o Realismo só se preocupa com o presente, o contemporâneo. As personagens são como pessoas reais, apresentam problemas psicológicos, a aparência física não relata somente belezas heroínas, como no Romantismo, ou seja, o Realismo mostra o dia a dia das ruas, assim como os fatos marcantes da época.

Resumo das Principais Obras realistas

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) – Machado de Assis


Memória Póstumas de Brás Cubas, tem a história narrada por um "defunto-autor", que não tem mais a necessidade de mentir, já que deixou o mundo e seus sonhos. O narrador personagem traz à tona toda a precariedade da condição humana, dentro de um exemplo muito irônico.


Dom Casmurro (1899) - Machado de Assis

Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida. Morando com sua mãe ( D. Glória, viúva ), José Dias (o agregado), Tio Cosme e a prima Justina, Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele , Capitolina - a Capitu . Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornar-se-ia um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois se tornando padre não poderia casar com Capitu. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior. Quando retorna dos estudos, Bentinho consegue casar com Capitu e desde os tempos de seminário havia fundamentado amizade com Escobar que agora estava casado e sempre foi o amigo íntimo do casal. Nasce o filho de Capitu, Ezequiel. Escobar, o amigo íntimo, falece e durante o seu velório Bentinho ele percebe que o seu filho era a cara de Escobar. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. Vão para Europa e Bentinho depois de um tempo volta para o Brasil. Capitu escreve-lhe cartas.Pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é BENTINHO E SUA DÚVIDA.


Quincas Borba (1891) – Machado de Assis

Quincas Borba o Homem, tinha sido muito pobre, e conseguiu fortuna. No final da vida mostrava um certo desequíbrio mental, e acabou morrendo durante uma viagem ao Rio de Janeiro, longe de Barbacena, sua terra natal. Deixou, ao viajar, o cão sob os cuidados de Rubião, irmão de uma noiva sua que falecera antes do casamento. Ao saber da noticia da morte do amigo, Rubião dá o cachorro Quincas Borba a uma vizinha. Mas é surpreendido pela leitura do testamento em que ele é declarado seu herdeiro, desde que ele zele pela saúde e segurança do cão. Rubião e o cachorro vão para o Rio de Janeiro. Ele pretende se apossar da herança e passar a morar na corte. No trem, contudo, conhece o casal SOFIA e Cristiano PALHA e se encanta pela esposa do desconhecido, Travam amizade, e na capital, o casal oferece seus préstimos; Sofia o ajuda a encontrar e mobiliar uma casa, Palha se encarrega de arranjar um advogado para resolver suas questões legais.

O dinheiro sobe-lhe a cabeça. Passa a acreditar que ganhou real importância com ele, a ponto de poder pretender Sofia. Uma noite deixa suas intenções com Sofia claras. Ela conta tudo ao marido, que, sutilmente a faz ver as vantagens que podem tirar da situação. Mas Rubião concorda em se tornar sócio de Palha, com a mediação de um advogado arranjado por este. Índices de ascensão social do casal começam a aparecer, até que Cristiano rompe a sociedade, esfriando suas relações com Rubião. Rubião vai perdendo tudo o que tem. À medida que perde seu dinheiro, vai também perdendo sua sanidade. Tem surtos em que manifesta a certeza de ser Napoleão Bonaparte, ocasiões em que chama Sofia de Josefina. O golpe de misericórdia vem quando Palha e Sofia arrematam sua casa em leilão. Internam-no num hospício a pretexto de caridade. Ele só concorda em ir em companhia do cão. De lá fogem para Barbacena, onde ele se torna um mendigo louco, que dorme na porta da igreja, junto com o cão, e vive de esmolas. De vez em quanto, exclamava: “Ao vencedor, as batatas!”


Resumo das Principais obras Naturalistas

O Cortiço(1890) – Aluízio de Azevedo

João Romão, compra um estabelecimento comercial no subúrbio de Rio de Janeiro. Ao lado morava Bertoloza uma escrava fugida, que possuía uma quitanda e umas economias. Os dois se juntam e com o dinheiro de Bertoloza, João comprou algumas terras e aumentou sua propriedade. Para agradar Bertoleza, faz uma falsa carta de alforria. Depois de um tempo, João Romão compra mais terras e novas casas se vão amontoando na propriedade. A procura de casa é enorme, e João Romão, acaba construindo um cortiço. Ao lado vem morar o Senhor Miranda que não gosta de João Romão, nem gosta do cortiço perto de sua casa. No cortiço moram: Pombinha, que se desencaminha por culpa das más companhias; Rita Baiana, mulata que saía com Firmo; Jerônimo e sua mulher, e mais algumas pessoas.

Quase sempre tem festas no cortiço, se destacando nelas Rita Baiana como dançarina provocante e sensual, que faz Jerônimo se apaixonar. Enciumado, Firmo acaba brigando com Jerônimo e lhe da uma navalhada e foge. Naquela mesma rua, é construído outro cortiço. Os moradores do cortiço de João Romão chamam eles de "Cabeça-de-gato"; e recebem o apelido de "Carapicus". Firmo foi morar no "Cabeça-de-Gato", onde se tornou chefe. Jerônimo, arma uma emboscada para o Firmo e o mata a pauladas, e fuge com Rita Baiana. Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do "Cabeça-de-gato" brigam com os "Carapicus". Mas um incêndio no cortiço de João Romão põe fim à briga coletiva. João Romão, agora endinheirado, reconstrói o cortiço e pretende se casar com Zulmira, filha do Miranda. E em logo os dois, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Para se livrar de Bertoleza, João Romão manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando ela. Pouco depois, aparece a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos donos. A escrava suicida-se, cortando o ventre.

O Mulato (1881) - Aluísio de Azevedo

Este é considerado pela como o primeiro romance naturalista no Brasil, embora não seja uma autobiografia, nele está presente muito da vida do escritor.

Um empregado de origem portuguesa, João Dias primeiro caixeiro de seu patrão, tenta por todos os meios se casar com a filha deste, Ana Rosa, pois ficaria rico. A harmonia dos planos é quebrada pelo Dr. Raimundo, de origem duvidosa, filho de uma negra, mulato pela cor e aspectos do cabelo. Com reservas é aceito pela sociedade, mas quando pretende o amor de Ana Rosa, a sociedade o reprime. O vilão é o cônego Diogo que manobra com as armas da intriga, da chantagem e da manipulação para conseguir que o rival amoroso de Raimundo, João Dias, o assassinasse à traição, libertando a cidade de sua presença indesejada.


O Ateneu - Raul Pompéia

O Ateneu é uma das obras mais importantes do Realismo brasileiro. Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa, em que o personagem Sérgio, já adulto conta sobre seu tempo de aluno interno no Colégio Ateneu. A ação do livro transcorre no internato, onde convivem crianças, adolescente, professores e empregados. O romance se inicia com o pai de Sérgio advertindo "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu”. Dr. Aristarco é o diretor do colégio, que visava apenas o lucro. Tinha o sonho de ver um busto com a sua face. Sérgio vai narrando as decepções, os medos, as dúvidas, a rígida disciplina, as amizades, os acontecimentos em torno da própria sexualidade. O romance é um diário de um internato: as aulas, a sala de estudos, a diversão nos banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que acontecia nos dormitórios, no refeitório as disputas. O mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da perspectiva particular de Sérgio. Misturando alegria e tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio, pacientemente reconstrói, por meio da memória , a adolescência vivida e perdida entre as paredes do famoso internato. A obra acaba com o incêndio do Ateneu pelo estudante Américo. No incêndio o diretor fica perdido, estático com o que está acontecendo com seu patrimônio e naquele mesmo dia é abandonado pela esposa.

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